sábado, 23 de julho de 2011

Luta pela Moradia no Distrito Federal



Segue convite para atividades da resistência do Acampamento Gildo Rocha.

Desde sexta-feira passada, dia 15 de julho, mais uma ação de reivindicação de direitos e resistência abre espaço no cenário do Distrito Federal e denuncia a desigualdade evidente e a segregação social existente na capital do país.

  
O MTST, de forma organizada, ocupou, na sexta-feira, área ociosa (uma das várias existentes no DF) com aproximadamente 400 famílias que estavam cansadas de permanecer em listas para acesso à moradia pelas políticas públicas do Ministério das Cidades e Governo do Distrito Federal.

Apesar de haver provas de que a área poderia ser privada, o Governo do Distrito Federal, através de força policial, sem mandado judicial, destruiu parte dos barracos, mas o povo resistiu, cercando o que havia restado do acampamento com um cordão humano. 

Pude ir ao acampamento na terça-feira, dia 19, quando tentávamos ajuizar um Interdito Proibitório, e tive a oportunidade de conversar com duas mulheres que estavam acampadas. Trabalhadoras que sobrevivem a muito custo, enfrentando os altos aluguéis no Distrito Federal, e que estavam correndo risco de ver o ponto cortado no trabalho para resistir no acampamento. Suplício ao ver sair do verdadeiro sufoco que é não ter um teto seu...
Lá soubemos que a polícia havia passado durante a noite no meio do acampamento de carro, com a clara tentativa de intimidar as famílias que resistiam. 

A essa altura, desde a segunda-feira, quando houve o primeiro despejo, outro grupo já estava a postos na frente do Palácio dos Buritis, para ter do Governo uma resposta que atendesse ao direito daquelas famílias de ter acesso a uma moradia digna.

Lá o grupo permaneceu até que houvesse o último traço do acampamento em pé.

O despejo veio a se concluir na quarta-feira e o grupo que estava à frente do Palácio dos Buritis, unido ao coletivo que estava acampado, rumou para o Ministério das Cidades e lá continua resistindo, acorrentando, dia a dia, ao prédio mais uma das pessoas, que se sentia mesmo acorrentada sem o estar fisicamente, porque o governos distrital e federal ainda não apresentaram uma saída para aquela gente. E que transformando esse sentimento de estar imobilizado e o ressignificando, marcando uma corrente de luta com a qual nós, neste blogue, temos que unir forças e esperanças...

A resistência está lá e se faz bonita porque feita com "gente de verdade" (como diria Diego Diehl, uma grande figura que  tem se construído enquanto companheiro de luta), fora de todo essa plastificação e dessa maquiagem que cercam a vida e as relações nesse Plano Piloto...

Em outro momento, postaremos a luta judicial que travamos nos últimos dias. Não deixo de registrar uma já declarada ugência de construirmos um banco de petições neste blogue. 
Segue, sem mais delongas, o convite a dar as mãos a um povo de verdade... 


Caros(as) companheiros(as),

O Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Teto - MTST está já há 3 dias ocupando o Ministério das Cidades, em Brasília, com 4 companheiros acorrentados. Esta ação foi resultado de despejos e descumprimento de acordos pelo Governo Federal e pelo Governo do DF.

Neste final de semana, teremos várias atividades culturais e políticas em apoio e solidariedade à luta, para as quais convidamos a todos e todas: ...

apresentação de palhaços e ciranda para as crianças (nas manhãs de sábado e domingo);
oficina de teatro do oprimido;
oficina de gênero (domingo de manha);
oficina sobre a exploração do trabalho (domingo a tarde) e
um sarau bem animado no sábado a noite.

Enviamos também um manifesto de apoio à ocupação do Ministério das Cidades - acampamento Gildo Rocha - a ser assinado pelo máximo de movimentos, entidades sindicais, igrejas e figuras públicas.

Pedimos a(o)s companheiros(as) que assinem pela sua entidade e enviem para as entidades que tem mais proximidade.

Retornem o quanto antes com as assinaturas para este e-mail. Pretendemos fechar no máximo segunda-feira.

O Manifesto segue como nota no próximo post.

Um abraço,
Guilherme Boulos (MTST)



2 comentários:

  1. Diana
    Fiquei muito entusiasmado com a tua ideia e do Diego a partir desta experiência relatada por ti.
    Esta rede de apoio de comunicação que somos pode fortificar-se para atender estas demandas urgentes de trabalho popular.
    Ainda estou com dúvidas sobre como vocês estão pensando esta estratégia, mas em prontidão para executar assim que tivermos mais clareza.
    Tive conversando com o pessoal da Acesso, de Porto Alegre, sobre a possibilidade de disponibilizarem material para registro histórico da militância da advocacia popular e também para auxiliar os jovens advogados que estão iniciando, como todos nós.
    Saudações!

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  2. De fato a mobilização do povo aqui do DF, essa "gente de carne e osso" como comentávamos Diana e eu, fez com que companheir@s do Direito vislumbrassem a necessidade de se organizar. Está a caminho a constituição mais sólida de um grupo de AJUP aqui no DF.
    No entanto, o jurídico nesse caso mostrou que, apesar da relativa importância, possui sérias limitações. Apenas o povo organizado e em luta consegue as vitórias, e isso mais uma vez se mostrou nesse caso: perdemos no Judiciário, mas o povo obteve a importante conquista de um acordo com o GDF, e decidiu encerrar hoje (28.07) o Acampamento Gildo Rocha, na frente do Ministério das Cidades. Acho que esse deverá ser um caso de análise, que em breve será colocado para discussão no blogue.
    Quanto à rede de apoio nas tarefas jurídicas, a idéia é de criar uma seção sobre Advocacia Popular aqui no blogue. Em breve poderemos lançar as primeiras iniciativas nesse sentido.
    Abraço!

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