sexta-feira, 15 de julho de 2011

Encontro de Culturas da Chapada dos Viadeiros homenageia Darci Ribeiro

O XI Encontro de Culturas da Chapada dos Viadeiros, que se dará na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso, estado de Goiás, entre os dias 22 e 30 de julho de 2011, homenageará Darci Ribeiro. O encontro se caracteriza por ser um diálogo de expressões culturais de uma das mais ricas regiões brasileiras. Ali estarão presentes tambores de crioula, congos, caixeiras, ternos, folia do divino, orquestras populares e várias figuras artísticas, como Pereira da Viola.



A natureza da Chapada dos Veadeiros é estudada pelos ambientalistas, cultuada pelos alternativos, amada pelos turistas, cantada em verso e prosa pelos escritores, vivida e preservada pelos moradores. A diversidade dos seres vivos, a imponência das águas, as minas de cristais e a paisagem espetacular deram motivo à criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em 1961, pelo IBAMA, e, mais tarde, ao seu reconhecimento como Patrimônio Natural da Humanidade em 2001, pela UNESCO.

Distante cerca de 250 Km ao norte de Brasília e ocupando uma área de aproximadamente 21 mil km², a região abrange oito municípios goianos: Alto Paraíso, Campos Belos, Cavalcante, Colinas do Sul, Monte Alegre, Nova Roma, São João d`Aliança e Teresina.

Se, por um lado, a riqueza do meio ambiente salta aos olhos, a diversidade cultural é revelada aos poucos, a partir do cenário humano, de antiga ocupação (indígenas, bandeirantes, quilombolas, garimpeiros, geraizeiros/chapadeiros), marcada, sobretudo, pelos modos de vida rural e extrativista, mas também, pela presença de novos ocupantes (empresários dos ecoturismo, místicos e visitantes oriundos de todo o mundo). A população do território é de cerca de 60 mil habitantes, dentre eles, o povo indígena Avá-Canoeiro (Minaçu e Cavalcante) e nove comunidades quilombolas, sendo a do Quilombo dos Kalunga (Cavalcante, Teresina e Monte Alegre), a maior área do Brasil e a mais conhecida.

Estudos acadêmicos e inventários estão em vias de patrimonializar as expressões culturais da região, como a Caçada da Rainha (Colinas do Sul). A Chapada, então, é toda Patrimônio! Cultural, Histórico e Natural. Nosso dever é protegê-la e promovê-la. Desfrutá-la e desenvolvê-la.

O Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, organizado pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge desde 2001, evoluiu a partir da experiência do Festival de Cultura da Vila de São Jorge (Alto Paraíso), nascido em 1998.

Simultaneamente, diversas atividades culturais (Shows, Momentos Rituais, Oficinas, Prosas, Encontro de Capoeira e Feira de Oportunidades Sustentáveis), em diferentes espaços (Aldeia Multiétnica, Palco, Igreja, Espaço Dona Chiquinha e Seo Domingos, Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, Espaço Seo Tilu, Espaço Mamulengo, Escola, Galpão do Artesão e Raizama), propiciam, pelos cinco sentidos, uma intensa apreensão e uma vivência profunda das riquezas da Chapada.

Além de integrar mais fortemente as expressões culturais da região, promove o intercâmbio destas com realidades similares nacionais e com o que é produzido por artistas que atuam em áreas diversas e com diferentes linguagens, de projeção nacional e, até mesmo, internacional, mas sempre ligados à estética das culturas populares e tradicionais.

Para cumprir esta tarefa de base, realiza a mobilização das lideranças tradicionais e a formação artística e cidadã das mais jovens, a exemplo do Projeto Turma que Faz, coordenado pela arte-educadora Dorothy Marques, para a discussão da realidade sócio-econômica dos Povos e Comunidades Tradicionais da Chapada. Atua também no fortalecimento das suas instituições e na introdução de novas formas de associação para a resolução dos problemas comuns, através da demanda de políticas públicas mais efetivas e próximas dos anseios da população local. Atualmente, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região é de apenas 0,68, demonstrando os baixos indicadores de educação formal, renda e longevidade.

As dificuldades iniciais foram sendo superadas com essa atuação política mais incisiva, sobretudo na área da cultura, e com o aprendizado proporcionado pela criação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, gerido pelo IPHAN. Essa luta obteve, em grande parte da história do Encontro, o patrocínio da PETROBRAS, via Lei Rouanet, além de outros apoios institucionais, públicos e privados.

Com a ascenção da cultura e da área social como campos estratégicos para as políticas públicas, uma série de outros programas, ações e projetos puderam ser acessados ou discutidos dentro do processo de organização do Encontro, como o Programa Cultura Viva (Secretaria de Cidadania Cultural), Identidade e Diversidade Cultural: Brasil Plural (Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural), Brasil Quilombola (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Territórios da Cidadania (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (Ministério do Meio Ambiente e Ministério do Desenvolvimento Social), o Turismo de Base Comunitária (Ministério do Turismo), o Economia Solidária (Ministério do Trabalho e Emprego), o Arteíndia (FUNAI), dentre outros inúmeros mecanismos. O mais importante foi o maior acesso a eles pela população da Chapada dos Veadeiros para a resolução dos seus problemas e para a afirmação de seu potencial natural e cultural.

Neste ano, o Encontro terá como figura homenageada o antropólogo Darcy Ribeiro, um dos maiores estudiosos sobre a cultura brasileira e defensor fervoroso do sincretismo cultural que o Encontro busca favorecer.

Conheça os artistas, grupos e etnias que participam desta XI edição do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário